terça-feira, 29 de outubro de 2013

A zootecnia e a arte de criar animais de forma natural 

     
      A palavra zootecnia surge pela primeira vez em 1843, na língua francesa, “zootechnie”, formada por Gasparin a partir dos radicais gregos “zoon” e “tecnê”, para designar o conjunto de conhecimentos já existentes relativos à criação dos animais domésticos. Em seguida foi traduzida para os demais idiomas latinos de povos de cultura fortemente influenciada pela ciência francesa. A exploração dos animais domésticos já existia antes da criação da palavra, inicialmente tratada como a forma de criar a partir da domesticação dos primeiros animais pelo homem primitivo. O objeto da zootecnia é o animal doméstico, ou seja, o animal que pertence a uma espécie criada e reproduzida pelo homem, dotada de mansidão hereditária e que proporciona algum proveito ao homem.


Para atingir o estado de domesticação, a espécie animal deve possuir os atributos de:

visto
fecundidade em cativeiro, de modo que os indivíduos não precisem ser continuamente aprisionados para serem utilizados pelo homem, 
visto
ter tendência hereditária a mansidão, atributo pelo qual os animais que nascem no cativeiro aceitam facilmente o convívio com o homem e com outras espécies, 
visto
sociabilidade, característica das espécies dotadas de hábitos gregários, que permite a vida em bando, próprias dos animais em domesticidade.  


      As espécies que não possuem estes atributos permanecem selvagens, mesmo aquelas cuja domesticação foi tentada pelo homem, ou seria resultado do seu convívio com o homem, como é o caso da zebra, do chacal, do leão, do bisão Americano, do falcão e do papagaio.
      As espécies domésticas passaram a viver sob seleção artificial, isto é, uma seleção em que a luta pela vida foi substituída pela escolha feita pelo homem dos indivíduos que melhor atendem os objetivos da criação. Os efeitos da domesticação consistiram em modificações do temperamento, acarretando maior mansidão e docilidade, na diminuição dos órgãos de ataque, como os chifres dos bovinos, nos dentes dos suínos, nas garras das aves, na variação da cor dos pêlos e penas, no porte dos animais, além do aumento na produtividade de carne, leite, ovos, etc.
      A maioria das espécies domésticas apresenta vários grupos distintos, de grande interesse para a Zootecnia, chamados de raças. A raça é uma subdivisão da espécie, estabelecida e mantida pela ação do homem. Podemos definir a raça como um conjunto de indivíduos da mesma espécie, com origem comum e caracteres particulares semelhantes, sob as mesmas condições de ambiente, produzindo descendentes com os mesmos caracteres.
   O desenvolvimento da pecuária orgânica deve estar baseado no entendimento da natureza dos animais e de todos os efeitos que o meio ambiente possa exercer sobre estes e a zootecnia pode ajudar neste entendimento.
      O bovino, tanto para criação de corte, como para leite, como todo ser vivo, vive sujeito a um ambiente constituído pelo conjunto de condições exteriores naturais e artificiais.
     O ambiente exerce uma importância significativa na exploração dos animais domésticos. O estudo da climatologia animal, ou seja, o efeito do ambiente sobre os animais, pode esclarecer os pontos mais importantes para uma compreensão da relação entre o comportamento animal, o meio ambiente e o ser humano.
       A climatologia animal é um importante ramo da ecologia zootécnica, onde é estudada a relação entre os animais domésticos e o clima, além das condições naturais do ambiente que sofrem a influência do clima, sua principal condição. Os principais agentes do clima, com ação direta ou indireta sobre os bovinos são: temperatura, radiação solar, umidade, pressão atmosférica, vento e chuva.
      A ação direta do clima sobre os bovinos pode ser através da influência que exerce as condições naturais do ambiente, ou seja, o aparecimento de doenças e parasitos. A ocorrência de parasitos, como carrapatos, bernes, moscas, além de vermes, é bem maior nos climas quentes e úmidos, tropicais. Muitas doenças dos bovinos são peculiares ao ambiente tropical; a tristeza bovina é um exemplo. Esta doença é veiculada pelo carrapato e exige uma premunição natural dos animais. 
     Para viver e produzir bem nos trópicos, os bovinos devem ter uma tolerância ao calor e apresentar características que confiram capacidade de suportar as demais condições desfavoráveis. Ou seja, a pecuária orgânica deve partir da premissa que os animais do rebanho devem apresentar estas características fundamentais para poder expressar seu real potencial de produção.
      Os bovinos originários da Ásia, ou seja, os Bos Indicus, são animais com maior tolerância ao calor, suportam intensa radiação solar direta por apresentar grande superfície corporal em relação ao seu peso, alem disto possuem glândulas sudoríparas numerosas, grandes e ativas, pele pigmentada, pelagem clara ou avermelhada, pêlos curtos e assentados e baixo metabolismo. Normalmente, no Brasil, o “zebu”, é fundamental para o desenvolvimento de rebanhos em sistemas orgânicos de produção.
     Considerando todas estas influências do clima e do ambiente, a pecuária orgânica deve direcionar seu manejo de forma a desgastar o menos possível os animais. A movimentação animal deve ser evitada nas horas mais quentes do dia e quando houver necessidade de movimenta-los, deve-se procurar caminhos frescos, com sombras, e faze-lo de forma bem lenta.
   Considerando também, todos os fatos citados acima, o caminho mais adequado para o desenvolvimento da pecuária orgânica é o melhoramento genético, através de um trabalho de seleção dos animais com melhor resposta a todas as influências do ambiente, é possível atingir um padrão de animais com níveis de resistência as doenças e parasitos, além de animais que tenham produtividade média capaz de viabilizar os sistemas de produção.


Gado Nelore

Nenhum comentário:

Postar um comentário